Glossary entry (derived from question below)
English term or phrase:
who’d think to find you in a photograph, perfectly quiet in the arrested chaff
Portuguese translation:
Quem pensaria em encontrá-lo em uma fotografia, totalmente calmo em meio ao joio
Added to glossary by
Francisco Fernandes
Feb 24, 2015 22:35
9 yrs ago
English term
who’d think to find you in a photograph, perfectly quiet in the arrested chaff
English to Portuguese
Art/Literary
Poetry & Literature
António Lobo Antunes, Memória de elefante
Encontrei esta frase no texto de António Lobo Antunes. Aquí está o contexto:
Tempo, repetiu o médico, necessito imperiosamente de tempo para me vestir de coragem, colar todos os meus ontens no álbum de retratos (“who’d think to find you in a photograph, perfectly quiet in the arrested chaff”), ordenar as feições do meu rosto, verificar ao espelho a posição do nariz, e seguir para o dia que começa com a sólida determinação de um vencedor. Tempo para te esperar à saída do ministério, subir contigo as escadas, meter a chave à porta e cambulhar abraçado a ti, sem acender a luz, para a cama vagamente aclarada pelos ponteiros fosforescentes do despertador elétrico, atrapalhado pelo excesso de roupa e pelos soluços de ternura, reaprendendo o Braille da paixão.
É uma cita de algum poema. Tenho dois problemas:
1. Não sei de que poema é e quem é o autor.
2. Não compreendo bem a segunda parte (in the arrested chaff)
Peço que me deem explicações em português, ja que com inglês é que tenho problemas. Agradecida anticipadamente.
Tempo, repetiu o médico, necessito imperiosamente de tempo para me vestir de coragem, colar todos os meus ontens no álbum de retratos (“who’d think to find you in a photograph, perfectly quiet in the arrested chaff”), ordenar as feições do meu rosto, verificar ao espelho a posição do nariz, e seguir para o dia que começa com a sólida determinação de um vencedor. Tempo para te esperar à saída do ministério, subir contigo as escadas, meter a chave à porta e cambulhar abraçado a ti, sem acender a luz, para a cama vagamente aclarada pelos ponteiros fosforescentes do despertador elétrico, atrapalhado pelo excesso de roupa e pelos soluços de ternura, reaprendendo o Braille da paixão.
É uma cita de algum poema. Tenho dois problemas:
1. Não sei de que poema é e quem é o autor.
2. Não compreendo bem a segunda parte (in the arrested chaff)
Peço que me deem explicações em português, ja que com inglês é que tenho problemas. Agradecida anticipadamente.
Proposed translations
(Portuguese)
4 +1 | Quem pensaria em encontrá-lo em uma fotografia, totalmente calmo em meio ao joio | Francisco Fernandes |
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Feb 28, 2015 13:36: Francisco Fernandes Created KOG entry
Proposed translations
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16 mins
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Quem pensaria em encontrá-lo em uma fotografia, totalmente calmo em meio ao joio
Como não sou poeta, é apenas uma sugestão.
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Note added at 1 hora (2015-02-25 00:33:31 GMT)
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Pode significar que o personagem está no meio de algo que não é bom, pois segundo a Bíblia, devemos aprender a separar o "joio do trigo".
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Note added at 1 hora (2015-02-25 00:33:31 GMT)
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Pode significar que o personagem está no meio de algo que não é bom, pois segundo a Bíblia, devemos aprender a separar o "joio do trigo".
Note from asker:
Obrigada. Mas não sabe donde é? Quem é o autor? |
2 KudoZ points awarded for this answer.
Comment: "Muito obrigada a todos pela colaboração. A resposta está aqui: http://www.proz.com/kudoz/English/poetry_literature/5790844-who%E2%80%99d_think_to_find_you_in_a_photograph_perfectly_quiet_in_the_arrested_chaff.html"
Discussion
Devo dizer que considero que Lobo Antunes é extremamente complexo, não só na forma como também no conteúdo. Muito mais haveria a dizer, e/ou muito mais se pode esperar de "Memória de Elefante", mas aqui temos que tentar ser breves. De qualquer forma, tentei apenas uma interpretação possível e mais ou menos coerente. Mas sinceramente não me admiro que o autor possa ter outra ideia.
Creio que neste caso, em que "chaff" está em sentido figurado, a ideia é essa de "lixo"/"algo sem valor" ("os mansos perdidos refugiados em tábuas"), e portanto realmente não é muito importante a precisão da tradução.
Quanto a "acepção/aceção" e "perspectiva/perspetiva", creio que segundo o AO90, a nova grafia é sem "p" e "c" (pelo menos, é o que diz a Infopédia).
Muito obrigado pela atenção. :))
1. ("acepção" » "(AO) a nova grafia é aceção"): http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/acepçã...
2. ("perspectiva" » "(AO) a nova grafia é perspetiva"): http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/perspe...
Vitor, eu sempre fico maravilhada com as suas observações ( ou melhor, análises) quando o assunto é literatura. Principalmente, porque não parece ser a sua área de formação, Quanto à questão do "debulho" como somos menos chiques, aqui é "lixo" mesmo. Inclusive foi a primeira imagem que me ocorreu, embora um tanto afastada do "chaff" do original.
Mas, mudando um pouco o foco, e considerando-se que geralmente é Portugal que ama as consoantes mudas, você jura que "acepção" e "perspectiva" se escrevem sem o "p" e o "c" mudo respectivamente em pt-pt? :)
Mas creio que a frase "who'd think..." já não é de Williams, e creio que poderá ser apenas um pensamento do protagonista, e não uma frase/citação de alguém.
Além do problema da origem tem o problema da interpretação. Se a frase for uma citação de terceiros, até pode ajudar à interpretação (por associação). Se não for, é mais complicado porque nesse caso é uma associação/imagem do próprio Lobo Antunes, cuja imagética é muito densa e complexa, com associações a dispararem para todos os lados, e por vezes para lados completamente inesperados.
Não se encontrando em algum lugar uma análise ou recensão específica da obra/frase, creio que realmente só mesmo o próprio Lobo Antunes.
Note-se que não posso afirmar perentoriamente toda esta interpretação da frase (incluindo a sua origem), pois realmente não encontrei nenhuma interpretação desta frase.
A única tradução da frase é da referência que a Danik indicou, e noto que é uma tradução livre da autora: creio que a tradução de "chaff" para "palha" ou mesmo "joio" (em vez de "debulho") é talvez aceitável, pois os 3 termos podem ter a aceção de "coisa sem valor, resíduo" (como na expressão "separar o trigo do joio").
vd links:
1. ("Give me time..."): http://www.poets.org/poetsorg/poem/asphodel-greeny-flower-ex...
2.("chaff" »» "a metaphorical use of the term, to refer to something seen as worthless"): http://www.thefreedictionary.com/chaff
3. ("debulho" »» "chaff"): http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/debulh...
O problema prático é que a Ekaterina precisa ter certeza da origem do trecho,por causa da legislação editorial do pais. A Ekaterina, nos dois e certamente diverssas outras pessoas já procuraram a frase em diversos idiomas e não apareceu nada. Acho que agora só mesmo o próprio Lôbo Antunes para dar a solução do mistério. Peço que divulgue a resposta para a gente, Ekaterina!
Assim, como tinha acabado de decidir esquecer o passado ("colar todos os meus ontens no álbum de retratos"), ele imediatamente imagina a ex-mulher (cuja memória o assalta constantemente) finalmente quieta/imobilizada numa fotografia (isto é, sem mais incomodar). Eu penso que que o "chaff" é o "debulho" (note-se que o debulho não é a mesma coisa que o joio): o debulho é a casca do trigo, é aquilo que não serve para nada, são os restos, e isto é uma imagem muito forte desta obra de Lobo Antunes, pois é uma associação constante a quase todos os personagens da obra, que o protagonista considera desadaptados da sociedade (são os "restos" da sociedade, o que não interessa e/ou não vale nada). Aliás, esta noção de "debulho" já ocorria na Lingua e Literatura Portuguesa, e também ocorre em EN.
Mas eu penso que a frase em EN “who’d think to find you..." poderá não ser nenhuma citação de outro autor: pode ser mesmo e apenas um pensamento do protagonista desta obra.
Penso assim porque:
1. Nas pesquisas na net, a frase não aparece em lado algum (em EN, PT e FR) senão nesta obra. Portanto, não lhe é atribuida autoria a outro autor.
2. São vulgares e recorrentes pensamentos do protagonista/autor em EN e FR: creio que isso é um instrumento do escritor para também reforçar a ideia da não-identificação/isolamento do protagonista em relação a Lisboa e Portugal.
3. Em relação ao poema em EN "Give me time...", como noutros casos semelhantes em que o escritor refere trechos de obras de outros escritores, é um artifício do autor para se identificar com a escrita (através dessa associação a outros escritores).
Na tradução para russo, obviamente a frase deve ficar em EN.
Um abraço e muito sucesso com a tradução.
Agata: a cita ficará em inglês, claro. Mas segundo as regras editoriais russas tem que ser traduzida numa nota. E embora não a traduza, preciso saber qual foi o contexto original.
Talvez esse texto sobre os procedimentos metaficionais lhe interesse:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8150/tde-0511201...
O autor é português, por isso, e do ponto da Tradução, a versão original PT/IN, deve permanecer tal como está, porque pertence à narrativa. É uma marca estilística na própria narrativa.
A interpretação do poema em Nota, (se necessário) deve ser discutida com o autor.
(A meu ver é o mais natural a fazer.)
Agora em relação a tradução/interpretação de 'arrested chaf' do ponto de vista do leitor.
(Felizmente consegui encontrar online parte do livro.)
Em co-texto, o autor/personagem no livro parece que interrompe um pouco a sua narrativa para traçar um poema evocativo (é a minha interpretação...) e nesse poema ele refere 'um album de flores prensadas', talvez a chave para a tradução de 'arrested chaf' esteja aí mesmo, ou talvez seja necessário procurar outras dimensões simbólicas que consigam transmitir a função poética que 'arrested chaf' adquire na narrativa.