Glossary entry

English term or phrase:

who’d think to find you in a photograph, perfectly quiet in the arrested chaff

Portuguese translation:

Quem pensaria em encontrá-lo em uma fotografia, totalmente calmo em meio ao joio

Added to glossary by Francisco Fernandes
Feb 24, 2015 22:35
9 yrs ago
English term

who’d think to find you in a photograph, perfectly quiet in the arrested chaff

English to Portuguese Art/Literary Poetry & Literature António Lobo Antunes, Memória de elefante
Encontrei esta frase no texto de António Lobo Antunes. Aquí está o contexto:

Tempo, repetiu o médico, necessito imperiosamente de tempo para me vestir de coragem, colar todos os meus ontens no álbum de retratos (“who’d think to find you in a photograph, perfectly quiet in the arrested chaff”), ordenar as feições do meu rosto, verificar ao espelho a posição do nariz, e seguir para o dia que começa com a sólida determinação de um vencedor. Tempo para te esperar à saída do ministério, subir contigo as escadas, meter a chave à porta e cambulhar abraçado a ti, sem acender a luz, para a cama vagamente aclarada pelos ponteiros fosforescentes do despertador elétrico, atrapalhado pelo excesso de roupa e pelos soluços de ternura, reaprendendo o Braille da paixão.

É uma cita de algum poema. Tenho dois problemas:
1. Não sei de que poema é e quem é o autor.
2. Não compreendo bem a segunda parte (in the arrested chaff)

Peço que me deem explicações em português, ja que com inglês é que tenho problemas. Agradecida anticipadamente.
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Feb 28, 2015 13:36: Francisco Fernandes Created KOG entry

Discussion

Danik 2014 Feb 26, 2015:
Só para terminar: Como não vi nada dessa nova grafia por aqui, e olha que já passei por várias reformas ortográficas uma pior que a outra, "perspetiva" e "aceção"não escrevo nem morta! (Mas o Priberam que me merece mais respeito do que o Infopedia lhe dá razão, embora a entrada seja pela versão mais conhecida)! Agradeço de minha parte a sua gentil atenção. :))
Vitor Pinteus Feb 26, 2015:
@Danik Muito obrigado pelos comentários e elogio. Também costumo apreciar muito as suas interpretações literárias.
Devo dizer que considero que Lobo Antunes é extremamente complexo, não só na forma como também no conteúdo. Muito mais haveria a dizer, e/ou muito mais se pode esperar de "Memória de Elefante", mas aqui temos que tentar ser breves. De qualquer forma, tentei apenas uma interpretação possível e mais ou menos coerente. Mas sinceramente não me admiro que o autor possa ter outra ideia.
Creio que neste caso, em que "chaff" está em sentido figurado, a ideia é essa de "lixo"/"algo sem valor" ("os mansos perdidos refugiados em tábuas"), e portanto realmente não é muito importante a precisão da tradução.
Quanto a "acepção/aceção" e "perspectiva/perspetiva", creio que segundo o AO90, a nova grafia é sem "p" e "c" (pelo menos, é o que diz a Infopédia).
Muito obrigado pela atenção. :))
1. ("acepção" » "(AO) a nova grafia é aceção"): http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/acepçã...
2. ("perspectiva" » "(AO) a nova grafia é perspetiva"): http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/perspe...
Danik 2014 Feb 26, 2015:
Ao inserir essa frase em inglês parece que um dos objetivos do autor seria borrar pos-modernamente as fronteiras entre o que é próprio e o que é citação. Sob esse aspecto, é uma pena que a legislação editorial russa exija a referência. Talvez se você argumentar, Ekaterina,que se trata aqui de um artifício literário, bastante comum na Literatura Pós-Moderna, o assunto se resolva sem que seja necessário recorrer ao autor.
Vitor, eu sempre fico maravilhada com as suas observações ( ou melhor, análises) quando o assunto é literatura. Principalmente, porque não parece ser a sua área de formação, Quanto à questão do "debulho" como somos menos chiques, aqui é "lixo" mesmo. Inclusive foi a primeira imagem que me ocorreu, embora um tanto afastada do "chaff" do original.
Mas, mudando um pouco o foco, e considerando-se que geralmente é Portugal que ama as consoantes mudas, você jura que "acepção" e "perspectiva" se escrevem sem o "p" e o "c" mudo respectivamente em pt-pt? :)
Vitor Pinteus Feb 26, 2015:
Sim, Danik, o poema "Give me time..." também versa sobre um amor (mal) perdido, e é por isso também que o protagonista o recorda.
Mas creio que a frase "who'd think..." já não é de Williams, e creio que poderá ser apenas um pensamento do protagonista, e não uma frase/citação de alguém.
Além do problema da origem tem o problema da interpretação. Se a frase for uma citação de terceiros, até pode ajudar à interpretação (por associação). Se não for, é mais complicado porque nesse caso é uma associação/imagem do próprio Lobo Antunes, cuja imagética é muito densa e complexa, com associações a dispararem para todos os lados, e por vezes para lados completamente inesperados.
Não se encontrando em algum lugar uma análise ou recensão específica da obra/frase, creio que realmente só mesmo o próprio Lobo Antunes.
Vitor Pinteus Feb 26, 2015:
Neste caso, o autor como que ironiza com o pensamento de finalmente colocar a ex-mulher nas memórias a esquecer, juntamente com as outras memórias/imagens de debulho/lixo, assim "presas /paradas / imobilizadas"/ "arrested" numa fotografia.
Note-se que não posso afirmar perentoriamente toda esta interpretação da frase (incluindo a sua origem), pois realmente não encontrei nenhuma interpretação desta frase.
A única tradução da frase é da referência que a Danik indicou, e noto que é uma tradução livre da autora: creio que a tradução de "chaff" para "palha" ou mesmo "joio" (em vez de "debulho") é talvez aceitável, pois os 3 termos podem ter a aceção de "coisa sem valor, resíduo" (como na expressão "separar o trigo do joio").

vd links:
1. ("Give me time..."): http://www.poets.org/poetsorg/poem/asphodel-greeny-flower-ex...
2.("chaff" »» "a metaphorical use of the term, to refer to something seen as worthless"): http://www.thefreedictionary.com/chaff
3. ("debulho" »» "chaff"): http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/debulh...
Danik 2014 Feb 26, 2015:
Acho que você pode ter razão, não tinha pensado na frase como autocitação do autor em inglês, mas tem tudo a ver com o modo de construção do romance. Por outro lado, essa imagem irônica retratando a pessoa (ex- mulher?) nos restos parece falar a favor do Williams.
O problema prático é que a Ekaterina precisa ter certeza da origem do trecho,por causa da legislação editorial do pais. A Ekaterina, nos dois e certamente diverssas outras pessoas já procuraram a frase em diversos idiomas e não apareceu nada. Acho que agora só mesmo o próprio Lôbo Antunes para dar a solução do mistério. Peço que divulgue a resposta para a gente, Ekaterina!
Vitor Pinteus Feb 26, 2015:
Em relação ao contexto e sentido da frase, creio que o que na frase faz pensar que o autor se refere à ex-mulher é o recurso à apóstrofe (o "you" da frase), que é a forma pela qual o protagonista normalmente recorda e "fala" com a ex-mulher.
Assim, como tinha acabado de decidir esquecer o passado ("colar todos os meus ontens no álbum de retratos"), ele imediatamente imagina a ex-mulher (cuja memória o assalta constantemente) finalmente quieta/imobilizada numa fotografia (isto é, sem mais incomodar). Eu penso que que o "chaff" é o "debulho" (note-se que o debulho não é a mesma coisa que o joio): o debulho é a casca do trigo, é aquilo que não serve para nada, são os restos, e isto é uma imagem muito forte desta obra de Lobo Antunes, pois é uma associação constante a quase todos os personagens da obra, que o protagonista considera desadaptados da sociedade (são os "restos" da sociedade, o que não interessa e/ou não vale nada). Aliás, esta noção de "debulho" já ocorria na Lingua e Literatura Portuguesa, e também ocorre em EN.
Vitor Pinteus Feb 26, 2015:
O trecho de poema em EN "Give me time..." faz parte do poema "Asphodel, That Greeny Flower", de William Carlos Williams.
Mas eu penso que a frase em EN “who’d think to find you..." poderá não ser nenhuma citação de outro autor: pode ser mesmo e apenas um pensamento do protagonista desta obra.
Penso assim porque:
1. Nas pesquisas na net, a frase não aparece em lado algum (em EN, PT e FR) senão nesta obra. Portanto, não lhe é atribuida autoria a outro autor.
2. São vulgares e recorrentes pensamentos do protagonista/autor em EN e FR: creio que isso é um instrumento do escritor para também reforçar a ideia da não-identificação/isolamento do protagonista em relação a Lisboa e Portugal.
3. Em relação ao poema em EN "Give me time...", como noutros casos semelhantes em que o escritor refere trechos de obras de outros escritores, é um artifício do autor para se identificar com a escrita (através dessa associação a outros escritores).
Na tradução para russo, obviamente a frase deve ficar em EN.
Danik 2014 Feb 25, 2015:
@Ekaterina Não sei se você viu, nessa tese que indiquei, há também uma tradução da citação de autoria da Diana. Quanto à origem do texto, como se trata de uma norma de tradução do seu pais, eu pediria para o editor entrar em contato com o próprio Lobo Antunes e lhe pedir a referência. Eu tenho certeza que ele vai entender a situação e colaborar.
Um abraço e muito sucesso com a tradução.
Ekaterina Khovanovitch (asker) Feb 25, 2015:
Danik, obrigada pelo material. Quanto à cita, pode ser de Willams ou de Dilan Tomas, mas também pode ser de alguma canção. Ou do filme Wunder-Bar.
Agata: a cita ficará em inglês, claro. Mas segundo as regras editoriais russas tem que ser traduzida numa nota. E embora não a traduza, preciso saber qual foi o contexto original.
Danik 2014 Feb 25, 2015:
@Ekaterina Parece que a citação em inglês é de William Carlos Williams, mas ainda não consegui localizar o poema. Concordo plenamente com a Agata: o texto deve permanecer em inglês, porque foi colocado pelo autor nesse idioma. Também não acho que seja o caso de interpretar o texto em nota de rodapé a não ser que você tenha também se encarregado de anotar a obra. Trata-se de um romance propositalmente difícil, que pretende desafiar o leitor, principalmente a "memória de elefante" dele para que possa estabelecer as suas associações.
Talvez esse texto sobre os procedimentos metaficionais lhe interesse:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8150/tde-0511201...
Francisco Fernandes Feb 25, 2015:
Antonio Lobo Antunes- Portugal-Livro " MEMÓRIA DE ELEFANTE"
Agata Costa Feb 25, 2015:
Arrested chaf O contexto fornecido, parece-me insuficiente, por muitas razões...

O autor é português, por isso, e do ponto da Tradução, a versão original PT/IN, deve permanecer tal como está, porque pertence à narrativa. É uma marca estilística na própria narrativa.
A interpretação do poema em Nota, (se necessário) deve ser discutida com o autor.

(A meu ver é o mais natural a fazer.)

Agora em relação a tradução/interpretação de 'arrested chaf' do ponto de vista do leitor.

(Felizmente consegui encontrar online parte do livro.)

Em co-texto, o autor/personagem no livro parece que interrompe um pouco a sua narrativa para traçar um poema evocativo (é a minha interpretação...) e nesse poema ele refere 'um album de flores prensadas', talvez a chave para a tradução de 'arrested chaf' esteja aí mesmo, ou talvez seja necessário procurar outras dimensões simbólicas que consigam transmitir a função poética que 'arrested chaf' adquire na narrativa.



Proposed translations

+1
16 mins
Selected

Quem pensaria em encontrá-lo em uma fotografia, totalmente calmo em meio ao joio

Como não sou poeta, é apenas uma sugestão.

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Note added at 1 hora (2015-02-25 00:33:31 GMT)
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Pode significar que o personagem está no meio de algo que não é bom, pois segundo a Bíblia, devemos aprender a separar o "joio do trigo".
Note from asker:
Obrigada. Mas não sabe donde é? Quem é o autor?
Peer comment(s):

agree Agata Costa
1 hr
Obrigado, Agata.
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2 KudoZ points awarded for this answer. Comment: "Muito obrigada a todos pela colaboração. A resposta está aqui: http://www.proz.com/kudoz/English/poetry_literature/5790844-who%E2%80%99d_think_to_find_you_in_a_photograph_perfectly_quiet_in_the_arrested_chaff.html"
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